Os sinais iam seguindo os que criam. O Senhor curou uma paralítica, que imediatamente deixou as muletas. (Ela as prendeu na parede de sua sala para que, mudas, mas eloqüentes, a todos falassem do milagre.)
Várias outras provas da operação divina foram testemunhadas pelos crentes. Mas o mais impressionante aconteceu com a irmã Celina Albuquerque: Jesus a libertou totalmente do câncer que se enraizava em seu rosto! Naquela mesma semana, ela estava a orar de madrugada, quando foi batizada no Espírito Santo. Era a primeira pessoa a receber a promessa pentecostal no Brasil. No dia seguinte, sua irmã Nazaré teve a mesma experiência.
A princípio, não havia qualquer divergência em torno de Berg e Vingren. Eles eram reconhecidos por todos como inquestionável resposta as suas súplicas. Os crentes mais fervorosos vinham se reunindo no templo para orar no sentido de que Jesus lhes mandasse um obreiro. Seu pastor fazia longas viagens, a evangelizar no Norte e Nordeste, e havia necessidade de ajudadores. Os suecos eram uma bênção também para as outras três igrejas evangélicas existentes na cidade: todos queriam vê-los e ouvi-los. Todos os amavam, e consideravam um milagre o fato de não adoecerem naquelas condições de insalubridade, sem falar do calor de Belém.
O Pr. Nelson Erick via crescer o número de visitantes: agora tornava-se bem mais promissora a obra que anelava realizar. A Primeira Igreja Batista, por ele fundada em 1897, com tantos anos de existência, até então não tinha sequer duas dezenas de membros!
Daniel e Gunnar sabiam também que o Pr. Nelson, logo que chegara ao Brasil, dispôs-se a rogar a Jesus que o batizasse no Espírito Santo. Decorridos catorze dias de súplicas, o Senhor começou a derramar copioso poder sobre ele. Sua esposa, porém, temerosa, rogou-lhe que parasse com "aquilo", não lhe permitindo que recebesse a promessa. Desde então Nelson fez-se declarado inimigo da doutrina pentecostal. |
O ROMPIMENTO
Sem o apoio com que contava, o pastor ouviu, de um diácono, palavras ponderadas, mas firmes e decididas: "Compreendo muito bem os seus sentimentos, pastor; o senhor declara que está entre um grupo de traidores, que se distanciaram dos ensinos que lhes ministrou. Acha que não estamos seguindo o caminho que nos ensinou. Entretanto, isso não é verdade. Nunca estivemos mais certos do que agora, jamais tivemos tanta fé como atualmente. O que aconteceu foi que agora achamos alguma coisa mais, a fé e o poder do Espírito Santo.
"Não temos queixa, pastor, de não nos haver falado destas coisas, pois o senhor desconhecia estas verdades, de modo que não as conhecendo, não as poderia ensinar a outros. Nós desejaríamos que o senhor também recebesse estas bênçãos de Deus, a fim de nos entendermos melhor e podermos sentir a mesma comunhão com os irmãos que vieram de outras terras."
Em seguida, "o pastor", conta Daniel, "olhou mais uma vez em redor e esperou que alguém se manifestasse a seu favor; mas foi em vão. A seguir, dirigiu-se a mim e ao irmão Vingren e disse: 'Já tomei a decisão. A partir deste momento não podem ficar morando aqui (...), não os queremos mais aqui.'
"Erick dirigiu a palavra aos outros, e quis saber: 'Quantos estão de acordo com essas falsas doutrinas?"' Sem vacilar, dezenove mãos se levantaram.
A primeira preocupação de Vingren foi com a moradia onde pudessem receber os irmãos. Daniel o tranqüilizou. Embora não tivesse ouvido o diálogo, o diácono que se havia pronunciado em nome do grupo aproximou-se e ofereceu-lhes a sua ampla sala para as reuniões e convidou-os a morar em sua casa. O coração generoso tinha razões sobejas para amar os dois missionários: a curada de câncer e logo batizada no Espírito Santo era sua esposa.
A NOVA COMUNIDADE
Excluídos pela minoria inimiga do avivamento, os crentes, sob a liderança de Vingren e Berg, estavam atônitos. Não era seu propósito fundar nova igreja. Em se tratando, porém, de fato consumado, era imperioso sobre o destino a tomar.
Os excluídos por iniciativa de Raimundo Nobre (primo de Adriano Nobre, o amigo dos missionários - futuro pastor da Assembléia de Deus), no dia 18 de junho já se organizavam em sua própria comunidade, na residência de Henrique Albuquerque, Rua Siqueira Mendes, 79, no bairro Cidade Velha. A história nada registra sobre a escolha do nome, e sobre quem o propôs. Informa, tão-somente, que foi escolhido o de Missão da Fé Apostólica. Punhadinho de crentes, dezenove, que lançou a semente da Assembléia de Deus então constituído das seguintes pessoas: José Plácido da Costa, Piedade da Costa, Prazeres Costa, Henrique Albuquerque, Celina Albuquerque, Maria de Nazaré, Manoel Maria Rodrigues, Jesusa Dias Rodrigues, José Batista de Carvalho, Maria José de Carvalho, Antônio Mendes Garcia, Manoel Dias Rodrigues, Emilia Rodrigues, Joaquim Silva, Benvinda Silva, Ana Silva, Teresa Silva, Isabel Silva e João Domingues.
Gunnar Vingren foi aclamado pastor da novel igreja e Daniel Berg seu auxiliai; com a responsabilidade pela colportagem, mister que tanto o apaixonava.
NASCE A ASSEMBLÉIA DE DEUS
Quanto à denominação Assembléia de Deus, o pioneiro Manoel Rodrigues lembrava, em fins dos anos setentas, sobre a primeira vez que se ventilou o assunto. Um grupo de irmãos saía da congregação Vila Coroa e se encontrava na parada do bonde de Bernal do Couto. Vingren indagou a respeito da questão e informou que nos Estados Unidos haviam adotado o nome Assembléia de Deus ou Igreja Pentecostal (*) (**) (***). Houve unanimidade em torno do primeiro nome mencionado. Em 11 de janeiro de 1918, o título Assembléia de Deus foi oficialmente registrado. Não se tratava, portanto, de igreja filiada a alguma missão estrangeira; ela nascia genuinamente nacional, característica que sempre primou em manter. OS ÚLTIMOS DIAS DOS NOSSOS MISSIONÁRIOS
GUNNAR VINGREN
Regressou à Suécia aos 53 anos, a 15 de agosto de 1932, quando em plena atividade pastoral, no Rio de Janeiro. Em 2 de junho de 1933, às duas horas e 45 minutos da tarde, partia para as moradas eternas. Seu filho Ivar recorda: "Dois dias antes, ele fora arrebatado. Esteve no céu e viu coisas maravilhosas. Quando voltou, cantou em línguas hinos espirituais, e em seguida disse para minha mãe: ‘Agora eu sei que Jesus vai me levar, agora sei que vou embora para o céu. ‘Dois dias depois ele nos chamou a todos, e se despediu de cada um de nós, nos deu uma palavra, um conselho para cada um especificamente."
Frida, a esposa, assim testemunha sobre a morte de Gunnar Vingren: "...com os braços levantados, exclamou: 'Jesus tu és maravilhoso. Aleluia! Aleluia!"'
DANIEL BERG
Já era quase octogenário quando retornou à pátria pela qual pulsava tão fortemente o seu coração (não era mais, porém, que o seu amor a Cristo e à Obra do Senhor). No hospital, o enfermo ancião cujas mãos, em nome de Cristo, curaram talvez milhares e abençoaram milhões, combalido, mas perseverante, percorria as enfermarias, não obstante as interdições médicas, a distribuir folhetos com a doce mensagem da cruz. Nunca deixou de exercer a sua missão de embaixador de Cristo.
Quando a morte chegou (em 1963), feliz ele sorria, como a dizer: "Onde estão, ó morte, os teus aguilhões?" E em Cristo se abrigou para todo o sempre.
Só os céus podem avaliar o quanto os dois pioneiros fizeram pela saúde espiritual do Brasil, onde o povo, maciçamente, com pouquíssimas exceções, pendia para a crendice e os ídolos. O INÍCIO EM MOSSORÓ
A Assembléia de Deus em Mossoró, teve seu início no ano de 1927, na rua Marechal Deodoro, bairro Paredões, sob a direção do Pr. Manoel Higino de Souza, Natural da cidade de Angicos deste estado, vindo na época de Belém do Pará, onde havia exercido as funções de Evangelista e Pastor. Homem simples, mas dinâmico, conhecedor da Bíblia e hábil no uso de instrumentos musicais. Após pregar naquele bairro, e ganhar algumas almas para Cristo Jesus, alugou uma casa para residir com a família, local onde passou também a funcionar a primeira congregação pentecostal em Mossoró. OS PRIMEIROS CONVERTIDOS Na lista dos pioneiros da causa pentecostal nesta cidade constam os seguintes nomes: Edgar Filgueira Burlamaqui, Dona Burlamaqui, Leoncio José de Santana, Norma Lima de Santana, Amália Soares de Góis, José Lins (primeiro crente batizado com Espírito Santo) e outros. INÍCIO DE PROGRESSO E PERSEGUIÇÃO O trabalho se intensificou debaixo das bênçãos de Deus que operou maravilhosamente. Muitas pessoas aceitaram a Cristo e foram batizadas com Espírito Santo. Pôr outro lado surgia forte perseguição contra a Igreja; o clero, insuflou contra os evangélicos, perseguindo , queimando Bíblias em praça pública, nossos templos foram apedrejados, a integridade física dos membros da Igreja ameaçada. Em algumas ocasiões foi necessário a intervenção do delegado de polícia para fazer cessar a perseguição e debaixo da proteção divina a congregação continuou e se espalhava em todo este município. PRIMEIRO BATISMO E crescendo em numero e em santidade, aconteceu o primeiro batismo em águas, no rio Mossoró, próximo ao Paredões, no dia 30 de maio de 1929, ministrado pelo Pastor Francisco Gonzaga da Assembléia de Deus em Natal. PRIMEIRO TEMPLO No dia 03 de maio de 1930, foi inaugurado na Av. Dix Sept Rosado, o primeiro templo construído para abrigar o povo de Deus nesta cidade, onde até hoje funciona como templo sede, após ser reconstruído e passar por varias reformas. O terreno foi doado na época pelo Sr. Jeronimo Rosado. CONTEXTO SÓCIO RELIGIOSO DA ÉPOCA A década de 1921 a 1930, foi sem dúvida para Mossoró um período de grandes acontecimentos. A cidade crescia demográfica, social e economicamente, e também no sentido cultural. Diversos acontecimentos importantes verificam-se nesse período um crescimento em todos os segmentos. Criação de Escolas, e Associações. Em junho de 1927, Mossoró resiste brava e vitoriosamente ao bando do Cangaceiro Lampião, o serviço telefônico foi inaugurado em 1930. A área urbana foi ampliada com a construção de novas praças, construção de estradas de ferro para o alto oeste. Desse modo, maiores horizontes abriram-se para Mossoró, e este surto de progresso tornou-se um forte motivo para atrair os evangélicos à cidade e nela estabeleceram trabalhos permanentes. CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA IGREJA Os anos foram passando e Deus abençoando a sua igreja Assembléia de Deus, nesta cidade, novos trabalhos sendo abertos: casas de orações, pontos de pregação e novos templos sendo construídos nos mais diferentes bairros. Criou-se o primeiro programa de rádio: Culto Radiofônico em 05.01.65, enfim em meio as dificuldades, uma Igreja já bem estruturada para servir e ganhar almas para Cristo Jesus, e no período de 07 a 09 de janeiro de 1977, comemoramos o nosso Jubileu de Ouro, na gestão do saudoso Pastor Manoel Nunes da Paz, quando já contávamos com mais de 3 mil crentes nesta cidade. Imbuídos no desejo de fazer missões transcultural esta Igreja envia a primeira família missionaria em 29 de fevereiro de 1976. Trata-se do Missionário José dos Santos Lira, esposa e filhos, que foram trabalhar no pais do Equador e ali fez um próspero e abençoado trabalho nos seus 14 anos, fundou 12 trabalhos em 5 estados e centenas de equatorianos foram salvos mediante a pregação do evangelho. |
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